6 de fev. de 2012

Ultimamente...


Tenho andado pensando sobre valores ultimamente.

A cobrança por valores hoje parece se dar antes pela ideia que se tem de algo, ou seja, pela idealização de um produto, tornando o preço tão maior quanto melhor parecer a ideia, neste sentido...mesmo que o resultado final seja esdrúxulo, mal acabado. Acho que é a moda dos produtos concept. E como moda geralmente pega...

     Ao invés de atentarmos à totalidade das condições e do contexto... Distanciamento? Ou apenas reorganização de nossa postura e envolvimento?

     Não seria interessante, já que somos consumidores, poder ter o direito de escolher REALMENTE ESCOLHER a quais propagandas seremos expostos? Tanto no que diz respeito a espaços públicos quanto a nossos espaços pessoais? Número máximo de outdoors, minutos na televisão, páginas da revista, anúncios pelos microfones... enfim... poderia enumerar mais alguns milhões...

     Expandindo o estranhamento do teatro épico para o cotidiano, vem-me uma possibilidade: e se pudéssemos nos estranhar de modo independente, permanecendo como centro de nossas próprias provocações e questionamentos, para assim afetar e modificar ou reconquistar o espaço que nos é invadido por estratégias de natureza macro política?
     Poder ouvir os próprios pensamentos enquanto andamos nas lojas, ou comemos em restaurantes... Prezar pela subtração de estímulos em locais destinados a uma grande circulação de pessoas... Incentivar a serenidade e o aconchego em troca do frenético e do massivo... Zerar a imposição ao invés de poluir a visualidade de nossas cidades pelo lucro... Em algum (próximo) futuro tempo, o consumo desenfreado desse coquetel de lucro, ansiedade, deslimite e desempatia – molotov de lenta consumação – fará explodir o já fragmentado resto que há de nossa espécie – a que insistimos chama evoluída – e restará o lixo inanimado que produzimos e permitimos produzir, resultando em jazigo de nossa [outrora] poesia existencial. E a natureza seguira se curso, sem nem derramar uma lágrima pela nossa extinção, antes imaterial, seguida pela material. Mas se nem nós a derramamos mais, por que deveria ela?

     Buscar estranhar a expansividade permissiva e licenciosa seria aos poucos repelir as invasões que têm nos afastado de nosso encontro com os pontos que nos fariam melhor tecidos existenciais em quaisquer escalas – que nossa limitada mente imaginativa consiga delinear.

3 comentários:

  1. Fantástico, Ciucci! =D

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  2. Seria lindo... "todo mundo que se veste com a roupa do utopia sofre tanto, sofre muito. eu estava nu e não sabia" chico césar

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