Tenho andado pensando sobre
valores ultimamente.
A cobrança por valores hoje parece
se dar antes pela ideia que se tem de algo, ou seja, pela idealização de um
produto, tornando o preço tão maior quanto melhor parecer a ideia, neste
sentido...mesmo que o resultado final seja esdrúxulo, mal acabado. Acho que é a
moda dos produtos concept. E como
moda geralmente pega...
Ao invés de atentarmos à totalidade das condições e do
contexto... Distanciamento? Ou apenas reorganização de nossa postura e
envolvimento?
Não seria interessante, já que somos consumidores, poder ter o
direito de escolher REALMENTE ESCOLHER a quais propagandas seremos expostos? Tanto
no que diz respeito a espaços públicos quanto a nossos espaços pessoais? Número
máximo de outdoors, minutos na televisão, páginas da revista, anúncios pelos
microfones... enfim... poderia enumerar mais alguns milhões...
Expandindo o estranhamento do teatro épico para o cotidiano, vem-me
uma possibilidade: e se pudéssemos nos estranhar de modo independente,
permanecendo como centro de nossas próprias provocações e questionamentos, para
assim afetar e modificar ou reconquistar o espaço que nos é invadido por
estratégias de natureza macro política?
Poder ouvir os próprios pensamentos enquanto andamos nas lojas,
ou comemos em restaurantes... Prezar pela subtração de estímulos em locais
destinados a uma grande circulação de pessoas... Incentivar a serenidade e o
aconchego em troca do frenético e do massivo... Zerar a imposição ao invés de
poluir a visualidade de nossas cidades pelo lucro... Em algum (próximo) futuro
tempo, o consumo desenfreado desse coquetel de lucro, ansiedade, deslimite e
desempatia – molotov de lenta consumação – fará explodir o já fragmentado resto
que há de nossa espécie – a que insistimos chama evoluída – e restará o lixo
inanimado que produzimos e permitimos produzir, resultando em jazigo de nossa [outrora]
poesia existencial. E a natureza seguira se curso, sem nem derramar uma lágrima
pela nossa extinção, antes imaterial, seguida pela material. Mas se nem nós a
derramamos mais, por que deveria ela?
Buscar estranhar a expansividade permissiva e licenciosa seria
aos poucos repelir as invasões que têm nos afastado de nosso encontro com os
pontos que nos fariam melhor tecidos existenciais em quaisquer escalas – que nossa
limitada mente imaginativa consiga delinear.
Fantástico, Ciucci! =D
ResponderExcluirmuito bem dito!
ResponderExcluirSeria lindo... "todo mundo que se veste com a roupa do utopia sofre tanto, sofre muito. eu estava nu e não sabia" chico césar
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