29 de fev. de 2012

Antes que o mês acabe...

'E se uma artista buscasse a anestesia dos sentidos para ter um minuto de existência abraçado ao vácuo?

Se renderia aos excessos, certo de que pela sobredose de realidade, ele morreria e acharia sua morte do modo mais rápido...

Ele queria, naquele momento, desaprender a consciência de se pensar, estava exausto de ver as pessoas e ler suas escondidas caras. Diziam basta seus ouvidos aos discursos maqueados e que tinham sempre como motor criativo, a ganância excusa, cordeiro subjetivo.

São poucos os que vivem quando nascem e, logo maduros, percebem-se nas cadeiras. De mãos atadas colocam-se em megeras categorias de funcionamento naquela turba, aplaudem como obediente público.

Ele, artista, ele membrana permeável, buscava-se semi-corruptível, semi mutável, semi atingível pelas linhas significantes que perpassavam seu cotidiano. Das bocas elétricas, das palmas vazias, do ato mecânico politicamente correto, da rasa segurança de bambas certezas que, pelo plumo peso de uma sinceridade, fechavam-se instintivamente para não mais compartilhar sua fraqueza pensada erro.

Ele, o artista, teve nesse dia sua erupção resídua em maxilares tensos, rabiscos aleatórios e horas gastas em busca de uma solidão mais amena que a de todo pecaminoso durar diário.

Encontrou-se periférico em meio a todos aquele que, sob sua pena anímica, tornavam-se material e sentido revisitado. Encontrou-se sem lugar e entendeu que de sua classe nenhum pertenceria em terra, enraizado. Sua certidão melhor o descreveria como vapor existencial em forma condensada a padecer entre a capacidade de onipercepiência e a necessidade autocrática da expressão. Perseguir sua sanidade custava-lhe, diariamente, o ônus de amadurecer em via expressa e ler dinamicamente tudo que pulsa.'


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