23 de mai. de 2011

Pela demora, um poema...

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...E finalmente eu aprendi o que é difícil em se tornar adulto...
Tornar-se adulto sem perder-se
Tornar-se adulto sem fragmentar-se
Tornar-se adulto sem abandonar-se criança pela durezas da vida
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Porque o difícil é manter-se ser em criação, é conectar-se infinitamente com o deslumbre do mundo, com os encantos do voo da borboleta em sua efêmera e poética vida, com os velhos gibis dos primeiros anos de nossas vidas, com os amigos que desafiam o espaço-tempo e se unem a nós imaterial e sentimentalmente pelo simples fato de nos querer em suas vidas
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Tornar-se adulto é difícil pois a veracidade da vida adulta nos faz endurecer, deixando o vento burocrático levar nosso bolso de risadas reservadas para tardes calorosas com amigos e noites frias com amantes
Tornar-se adulto de verdade sem cair da bicicleta é difícil e nos exige a expansão da alma, um consciente auto-sacrifício e ainda assim uma quase obrigatória plantação de brotos de esperança regados diuturnamente em nosso íntimo exclusivo
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Dar o passo maduro e equilibrar-se bêbado de ilusões oníricas enquanto se bate o ponto, enfrentar as caras desiludidas e inocentes daqueles e daquelas que ainda não sabem de si e lidar com a solidão necessária para encontrar-se no cotidiano estéril são minhas receitas a manterem-me ainda em cima da corda bamba
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Encontrar-se chorando lágrimas de despedida de si mesmo e dar às mãos ao adiante é parte de tornar-se adulto, declarar-se parte de outras rotas para minha auto-veracidade é tornar-se adulto teimoso em manter-se criança, manter-se sonho, manter-se íntegro.
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É difícil tornar-se adulto pois ser adulto para a vida é ser inteiro e não apenas capaz de financiar os atrativos do mundo dos maiores. É ser íntegro e manter-se parte Van Gogh, parte Tchaikowsky, parte Debussy, parte Shakespeare enquanto se abotoa o terno e se veste o jaleco para cumprir as metas.
É embaçar o espírito sentindo ardência nos sentidos enquanto se joga o lenço do cais e se espera que a estátua cresça de tamanho e nos mostre novos horizontes.
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Ser adulto é tornar-se criança independente, curiosa e faminta de vida Uma criança valente, consciente e bem versada Uma criança capaz de carregar seu próprio peso e ainda tornar-se dublê de Atlas pelo menos uma vez por semana.
É enfim e sem fim tornar-se parte redentor de si mesmo, parte poeta de seus próprios passos e parte artesão de suas múltiplas fomes

(Mateus Ciucci em 23 de maio de 2011 às 20:31 de uma segunda-feira)

Um comentário:

  1. Gracias Ciucci por recordarnos que podemos y debemos seguir siendo auténticos como personas adultas, seguir reuniendo el coraje que requiere experimentar la vida humildemente, con humanidad y sensibilidad, seguir expandiendo muestra ilimitada consciencia espiritual, emocional y sensorial, sobre el impredecible mundo exterior y el yo íntegro, seguir luchando por alcanzar nuestra idealizada realización individual en una sociedad que se autoproclama evolucionada pero que carece de valores propios y propósitos comunes por los que valga la pena vivir, seguir enfrentando las duras pruebas a las que diariamente somos sometidos y que muchas veces no hemos elegido. He ahí el verdadero desafío.

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