...Here I go again...
Olá pessoal! Como têm passado?
Há três dias estive lendo 'Um mundo num grão de areia - O ser humano e seu universo', de Rubem Alves. Indico a vocês! Pra vida! rs.
Esse livro é composto de vários ensaios sobre temas diversos acerca, como diz o título, do ser humano e seu universo. Pois bem....Aos que conhecem Rubem Alves, sua delicadeza e pungência se mantém durante todo o livro. Mas o que vos gostaria de trazer é uma única frase que me fez pensar, entre outras coisas, no propósito deste blog.
Ei-la transcrita:
'Quem tolera tudo é porque não se importa com nada'
(ALVES, 2003, p. 71)
(ALVES, 2003, p. 71)
Esta cita de Rubem Alves me levou a pensar, entre outras coisas, na arte do século XXI. Antes de me formar, entrei em contato com os muitos discursos sobre arte, sobre o que viria a ser arte e sobre o papel e lugar das e dos artistas neste mesmo século. Houve claramente uma predominância do preceito que afirma que hoje se pode tudo na arte. É sob esse mesmo pretexto que afirmam que tudo já foi desconstruído, que todas as barreiras foram derrubadas...
Por outro lado, tomei contato com alguns poucos autores e professores (plural geral, não somente masculino) que me levaram a pensar e expandiram minha consciência. Se tudo se faz possível na arte do século XXI, por que então não permitir discussões que pretendem delimitar os parâmetros da arte? O que é ser artista? Delimitar as intenções e clarificar o discurso da indústria cultural....Delimitar quer dizer
'estabelecer limites (éticos, teóricos, comportamentais)'
(HOUAISS, 2001, p. 932)
As discussões envolvendo grandes temas sempre se temperam de polêmica....talvez porque se alimentem dos sentimentos e da subjetividade humana, talvez porque sejam áreas em que a objetividade e imparcialidade não existe nem sob modo teórico...falo de arte, de religião...
Por lidarem, ao que me parecem, com porções imateriais do ser humano, com o desejo, com o espírito (e se quiserem, posto mas adiante minha compreensão de espírito, alma...para clarificar!), com os sentimentos, com a expressão, a subjetividade humanas, essas áreas parecem não comportar rigorosidade...
Porém, para se ser artista há que se ter em mente parâmetros, há que ter disciplina, conhecimento do que se pretende fazer, há que se saber seu próprio ofício...e acho que aqui entra Rubem Alves. Não creio que dizer que tudo é arte valha porque seria o mesmo que dizer que arte é qualquer coisa. E por experiência própria, isso é o mais longe da realidade que se pode chegar.
Lendo 'A História da Arte' de E.H. Gombrich tomei contato com o seguinte:
Por lidarem, ao que me parecem, com porções imateriais do ser humano, com o desejo, com o espírito (e se quiserem, posto mas adiante minha compreensão de espírito, alma...para clarificar!), com os sentimentos, com a expressão, a subjetividade humanas, essas áreas parecem não comportar rigorosidade...
Porém, para se ser artista há que se ter em mente parâmetros, há que ter disciplina, conhecimento do que se pretende fazer, há que se saber seu próprio ofício...e acho que aqui entra Rubem Alves. Não creio que dizer que tudo é arte valha porque seria o mesmo que dizer que arte é qualquer coisa. E por experiência própria, isso é o mais longe da realidade que se pode chegar.
Lendo 'A História da Arte' de E.H. Gombrich tomei contato com o seguinte:
'Realmente não há Arte. Há somente os artistas. (...) Pois Arte com A maiúsculo veio a ser uma mentira, um fetiche'.
(GOMBRICH, 2006, p. 21)
Mesmo que eu ainda esteja entrando em contato com o autor, ele me fez pensar no seguinte...A Arte, dita como tal, realmente não existe como convenção ou acordo, como algo a ser compreendido universalmente. Ele também coloca nas mesmas páginas o fato de que não há mal em entender diferentes materializações como arte, conquanto entendermos o que arte significou no período em que tal materialização ou obra foi produzida...
Chegamos no contexto, no tempo-espaço. Importantíssimo para a compreensão do que seria arte, entender como cada civilização e sociedade compreende arte dá indícios a compreender qual o lugar do/da artista e sua produção ocupava.
Volto ao nosso século XXI e tento entender qual o lugar que ocupamos nós artistas na nossa sociedade e qual a importância da arte hoje para nossa vida. E já que definir a arte é terreno tão espinhudo, que tal pensarmos nos artistas?
Correndo o risco de alongar-me neste post, digo que artista em sua tradição relaciona-se com o ofício, com o artesanal. O trabalho, queria dizer ou produção de bens com a transformação de matérias primas ou a execução de uma atividade. A figura do artesão remete portanto ao domínio dos segredos desse ofício, à autonomia em relação à sua produção e a consciência do processo necessário para tanto. Desde a idealização, passando pela escolha de materiais e a materialização desse ideal e do que se queria passar, expressar num objeto, numa obra.
O que pretendo afinal é esclarecer-me até onde o que se produz hoje reflete uma demanda da indústria cultural, obrigando a produção em massa de artigos que lidam com o subjetivo e o particular de cada ser humano, descaracterizando-os portanto em grande parte e o que reflete ainda o trabalho de artistas que se adentram na indústria cultural, pelo óbvio, mas ainda assim mantém o caráter artesão de seus trabalhos e nos expressam algo.
O que pretendo enfim é deixar claras as intenções de cada um que se diz artista ou é assim por outros denominado. Os discursos parecem se mesclar no século XXI e homogeneizar tudo que é expressão cultural, tudo que é produção cultural e tudo que é demanda da indústria cultural...Cada produto artístico hoje me dia podem ser diferenciados entre si, ao que me parece, pelas suas intenções. Pelos preceitos e ideologias que regem suas produções e pelas finalidades expostas por quem as produz...
Pode ser difícil definir arte e até discutir se ela realmente existe, como afirma Gombrich, mas não me parece difícil esboçar as linhas do trabalho artístico e diferenciar as capacidades dos responsáveis por ele...
Volto ao nosso século XXI e tento entender qual o lugar que ocupamos nós artistas na nossa sociedade e qual a importância da arte hoje para nossa vida. E já que definir a arte é terreno tão espinhudo, que tal pensarmos nos artistas?
Correndo o risco de alongar-me neste post, digo que artista em sua tradição relaciona-se com o ofício, com o artesanal. O trabalho, queria dizer ou produção de bens com a transformação de matérias primas ou a execução de uma atividade. A figura do artesão remete portanto ao domínio dos segredos desse ofício, à autonomia em relação à sua produção e a consciência do processo necessário para tanto. Desde a idealização, passando pela escolha de materiais e a materialização desse ideal e do que se queria passar, expressar num objeto, numa obra.
O que pretendo afinal é esclarecer-me até onde o que se produz hoje reflete uma demanda da indústria cultural, obrigando a produção em massa de artigos que lidam com o subjetivo e o particular de cada ser humano, descaracterizando-os portanto em grande parte e o que reflete ainda o trabalho de artistas que se adentram na indústria cultural, pelo óbvio, mas ainda assim mantém o caráter artesão de seus trabalhos e nos expressam algo.
O que pretendo enfim é deixar claras as intenções de cada um que se diz artista ou é assim por outros denominado. Os discursos parecem se mesclar no século XXI e homogeneizar tudo que é expressão cultural, tudo que é produção cultural e tudo que é demanda da indústria cultural...Cada produto artístico hoje me dia podem ser diferenciados entre si, ao que me parece, pelas suas intenções. Pelos preceitos e ideologias que regem suas produções e pelas finalidades expostas por quem as produz...
Pode ser difícil definir arte e até discutir se ela realmente existe, como afirma Gombrich, mas não me parece difícil esboçar as linhas do trabalho artístico e diferenciar as capacidades dos responsáveis por ele...
Não dá para deixar a arte como tudo, como lugar vazio, como um lugar qualquer...Como diria Richard Knowles, se não me falha a memória,
'espaço vazios são ótimos para serem dominados por ideologias dominantes'
Me incomoda como artista manter o vácuo desse lugar e ver coisas diferentes misturadas sobre um mesmo chão...não quero aqui magnificar alguns trabalhos e minimizar outros....quero jogar luz sobre a variedade de manifestações que existem hoje permitindo assim a compreensão de suas ideologias e resultados, para que entendamos melhor o pensamento que rege nosso século XXI no que tange nosso espaço, seja físico ou imaterial...
Fico por aqui!
Beijos!
Fico por aqui!
Beijos!
p.s.: Às interessadas e aos interessados nos livros, eis a referência:
Um mundo num grão de areia - O ser humano e seu universo
ALVES, Rubem
VERSUS Editora
ISBN 8587795333
GOMBRICH, E. H.
PHAIDON Editora
ISBN 9780714847030
Um mundo num grão de areia - O ser humano e seu universo
ALVES, Rubem
VERSUS Editora
ISBN 8587795333
GOMBRICH, E. H.
PHAIDON Editora
ISBN 9780714847030
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